sábado, 26 de junho de 2010

Não sou mais quem eu era




Não sou mais quem eu era

Aquela, já passou...

Sou agora uma outra

E ainda não sei quem sou

Procuro algo que defina...

Ao menos meu tempo verbal

Passeio entre pretérito, presente e futuro

Que ao invés de perfeitos

São um imenso vazio temporal


Só o que sei é que a cada dia

Me transformo em poesia

Vivida ou meramente sentida

Dúvidas e questionamentos sem fim

Entre sonhos e devaneios lúcidos

Nascem poemas em mim

Espero o toque suave da brisa

Não procuro motivos

Deixo que os motivos procurem

Meu coração de poetisa

Tudo é palavra, tudo é inspiração

A lua e suas fases misteriosas

A rua e suas curvas sinuosas

A flor e suas pétalas formosas

A letra que traduz a canção


Tudo agora é mais intenso

A lágrima é mais salgada

A aquarela é mais colorida

O amor é presença constante

E também a dor, mais doída

Sou caneta e papel

Sou palavras desconexas

Sou um bloco de idéias

Que vagam pelo infinito

Minhas folhas despencadas

Voam sem pretensão

Vez ou outra pairam sobre um coração

Como o meu, também aflito

E assim emprestam à dor

Um momento mais bonito


Embora saiba tão pouco

Sei que sou extrema, exagerada

Por vezes até patética

Ainda que para isso me valha

Da tal licença poética

Sei que sou tudo à flor da pele

Mais que substantiva

Sou também adverbial

Sou superlativa

Absoluta

Sintética

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