
Não sou mais quem eu era
Aquela, já passou...
Sou agora uma outra
E ainda não sei quem sou
Procuro algo que defina...
Ao menos meu tempo verbal
Passeio entre pretérito, presente e futuro
Que ao invés de perfeitos
São um imenso vazio temporal
Só o que sei é que a cada dia
Me transformo em poesia
Vivida ou meramente sentida
Dúvidas e questionamentos sem fim
Entre sonhos e devaneios lúcidos
Nascem poemas em mim
Espero o toque suave da brisa
Não procuro motivos
Deixo que os motivos procurem
Meu coração de poetisa
Tudo é palavra, tudo é inspiração
A lua e suas fases misteriosas
A rua e suas curvas sinuosas
A flor e suas pétalas formosas
A letra que traduz a canção
Tudo agora é mais intenso
A lágrima é mais salgada
A aquarela é mais colorida
O amor é presença constante
E também a dor, mais doída
Sou caneta e papel
Sou palavras desconexas
Sou um bloco de idéias
Que vagam pelo infinito
Minhas folhas despencadas
Voam sem pretensão
Vez ou outra pairam sobre um coração
Como o meu, também aflito
E assim emprestam à dor
Um momento mais bonito
Embora saiba tão pouco
Sei que sou extrema, exagerada
Por vezes até patética
Ainda que para isso me valha
Da tal licença poética
Sei que sou tudo à flor da pele
Mais que substantiva
Sou também adverbial
Sou superlativa
Absoluta
Sintética
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